segunda-feira, 28 de setembro de 2009

eu sou o poente
o mar revolto
a distorção sem intenção
uma tempestade tropical
sou a inconstância da alma
a arte da vida
aquela que entra sem pedir licença
a que sai à francesa
uma bolha de sabão
frágil e multicolorida
um diamante de várias facetas
lápidado pelas mãos sublimes do Criador
sou uma criatura malígna
com um toque angelical
sou a lágrima incontida
o muro intransponível
a corrida na chuva
a rebentação
a semente
eu sou o vazio do seu olhar
a mão estendida
o coração recolhido
sou a fiandeira do destino
sou diáfana e etérea
apenas efêmera
sou o amor dentro de ti
o rancor que corrói suas entranhas
o fel amargo da traição
o corpo que deseja mas não terá
sou aquela que deixa as pegadas na areia ao amanhecer
a eremita que ronda seus sonhos
o pesadelo que não acaba
o desespero desmedido
o sofrimento disfarçado
o cinismo em seu sorriso
as promessas desfeitas
o amor eterno e mais um dia

domingo, 27 de setembro de 2009

Enquanto corro de mim
Deixo para tras meu passado

Enquanto vislumbro a tristeza
Por lagrimas tenho os olhos toldados

Enquanto recolho os meus restos
Procuro em vao por voce

Enquanto nao me livrar de tuas lembrancas
Sera impossivel viver

Porque morrer e facil
Dificil e viver sem te ter

domingo, 26 de julho de 2009

Elevo minhas mãos e cânticos
Danço em uma roda na floresta
Elas dançam comigo
E brilhamos

Não sei ao certo nesse momento
Se sou eu
Ou parte do todo
Estamos conectados

Sinto como se o chão vibrasse
Como se ar fosse mais pesado
Tenho consciência vaga de quem sou
Não sinto mais meus pés

E flutuando tento te alcançar
Nada parece improvável
Nada tem conotação impossível
Tudo é muito real

E as cores passam
E o vento zumbi
E tudo se torna possível
Até eu e você!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

sou a idéia que não sai de sua cabeça
seu desejo reprimido
aquela que dança em seus sonhos e não pode tocar
sou sua falta de percepção
seu desalento
todos os seu intentos
sou a canção que embala seu adormecer
sou a emoção perdida em seu olhar
sou o sorriso a cada conquista
sou a existência
sou o bater do coração
sou a disciplina ou a falta dela
sou tudo aquilo que sonhou
sou nada daquilo que deseja
sou a teimosia
sou a satisfação não alcançada
sou o entrelaçar de dedos no amanhecer e o abraço do anoitecer
sou a ironia da sua voz
sou a preguiça da manhã de segunda
sou a lua cheia que observa intrigado
sou a mão estendida
a culpa escondida
sou a paciência
a dor que não passa
o inconsciente
a onda que quebra em suas lágrimas
o sabor que enlouquece seu paladar
o pôr do sol da alma
o eclipse de um amor
o sentimento que alimenta aos poucos
a esperança de um dia melhor
sou o querer
a pupila dilatada
o prazer incontido
a escuridão que te aflige
um dia qualquer de sol
sou o que você quer e queria que não fosse
sou a concordância e a discordância
sou um pedacinho de você ao redor de mim

domingo, 26 de abril de 2009

E eu tive tanto medo
Poderia esticar minhas mãos
E pegar as suas
Senti-las e afaga-la

Podia ter acariciado suas costas
Seu rosto
Enterrar meus dedos em seus cabelos
Mas tive medo

Poderia ter lhe dito
Olhando em seus olhos
Que o amava sem medidas
O medo não permitia

Queria beija-lo
E beijar seria o auge
De olhos fechados e entregue
Mas havia medo

Perdi momentos preciosos
Só ouvindo sua voz
Aspirando seu perfume
Por medo de tomar uma atitude

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ah, se o mundo pudesse ouvir
As batidas do meu coração
E suportar cada instante
Dentro de meu frágil corpo

Ah, se toda forma de vida
Mesmo que errante
Entendesse meu sofrimento
Seria tudo tão simples

Ah, o amor
Sentimento tão sublime
Tão efêmero
Tão essencial

Ah, se não me faltasse amor
Se houvesse mais pudor
Não haveria alma estilhaçada
Não haveria mais dor

Ah, se ao menos me fosse dada
A graça dessa dádiva
Seria tão feliz
Ou não

Só queria um dia
Apenas um dia
Acordar e por alguns instantes
Ser feliz

domingo, 5 de abril de 2009

flores
sinto seu cheiro
flores
mas não as vejo
flores
queria senti-las
flores
sobre minha pele
flores
minha alva pele
flores
em toda sua delicadeza
flores
passeando sobre minha nudez
flores
excitando cada terminação nervosa
flores
sob a luz do luar
flores
sob a luz do amanhecer
flores
sob a luz do entardecer
flores
onde haja somente eu
flores
e tão somente você
flores
apenas e inexoravelmente
flores

sexta-feira, 3 de abril de 2009

ouço ao longe uma canção
a voz doce e melódica
inebria os meus sentidos
e me sinto flutuar

é como se nuvens descansassem sob meus pés
é como se o vento girasse ao meu redor
é como se eu tivesse meu próprio raio de sol
é como se eu não estivesse mais só

e a canção se torna mais rápida
e a voz doce continua
mas a música
não é mais tão doce e leve

sinto o lamento
sinto a dor
sinto o sofrimento
sinto meu eu novamente

e doce voz passa a soluços
suspiros
tristes e entrecortados
escuto um choro convulsivo

então me dou conta
que é a música da minha alma
os suplícios do meu coração
e a vida pulsando pelas minhas veias

e a doce voz silencia
e a minha mente vazia
e ouvi-la novamente era só o que queria
só o que eu queria

terça-feira, 31 de março de 2009

Porque quanto mais eu te amo
Mais eu me decepciono
Afinal, o que significo pra você?
Apenas mais uma aventura?
Ou talvez uma desventura?
Seria eu apenas mais uma entre tantas outras?
Ou apenas outra entre você e a única?
Será que o que sinto jamais será o suficiente?
Ou querer-te não passa de algo muito distante?
Por que seria você um sonho?
Será que estou acordada?
Afinal, quem sou eu?
Reviro-me em meio ao meus sentimentos
Sinto-me perdida
Como se naufragasse
Aos poucos me afogando
Em minhas próprias lágrimas
Em minha inocência muda
Nesse amor que me consome
Sinto meu estômago revirar
E a febre consumir minha alma doente
Estou cansada de vagar sozinha
Em meio a essa névoa
Descalça
Rejeitada
Traída
Totalmente desacreditada
Sem vida
Queria poder estender minha mão pra ti
Mas...
Sei que não a pegará
Afasta-se e me deixe sozinha
Definhando aos poucos
Nesse amor que você deixou aqui

sexta-feira, 6 de março de 2009

E foi nesse momento que senti seu cheiro
A brisa o trouxe de leve
Acariciando brevemente meu corpo
Entorpecendo meus sentidos

Senti-me tragada por diversas sensações
E pude por um instante apreciá-las
Senti como se me abraçasse
Como se me amparasse na minha dor

Enxugando minhas lágrimas
Lavando o sangue dos meus pulsos
Retirando minhas vestes rotas
Passando o dedo levemente sobre meus lábios

Fitando intensamente meus olhos
Desnudando minha alma corrompida
Beijando minha fronte
Entrelaçando seus dedos aos meus

Sussurrando ao meu ouvido
Que tudos estava bem
Quando na verdade
Era apenas uma peça da minha mente doentia

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Se para ser feliz tenho que ser egoísta
O serei

Se para ser feliz devo agarrar os restos que me atira
Os agarrarei

Se para ser feliz, mesmo que por uns poucos instantes, eu tenha que sofrer por essa escolha
Eu sofrerei

Se para ser feliz tenha que passar por cima das minhas crenças
Eu passarei

Se para ser feliz tenha que me enterrar cada vez mais na escuridão
Me enterrarei
senti a brisa sussurrar em meu ouvido
senti-me abraçada por um raio morno de sol
senti o orvalho sob as plantas de meus pés

não estava escuro
não me senti sozinha
sentei-me na relva

abri meus braços
e senti gotículas em minha face
era o céu que chorava diante de minha serenidade

era apenas eu
o sossego
e o sol

sem temor
sem dor
sem choro

era como se tivesse tirado toda a dor
com mãos grandes
e removido todo o peso de meus ombros

estava leve
com um sorriso a brincar nos lábios
e o olhar distante como o de apaixonados

então me dei conta
que não era eu
estava em minha própria sombra a observar

com meu habitual cinismo
amargura, rancor
e irônias a fervilhar em minha mente

invejosa
e intragavelmente
eu

domingo, 1 de fevereiro de 2009

se pudesse ler seus pensamentos
seria satisfatório viver do lado de cá
entre as sombras dos meus olhos
com sua habital dor pungente

se pudesse ouvir novamente as batidas de seu coração
tentaria aproveitar cada segundo
mas não posso
minha alma não permite esse regalo

se pudesse escrever seu nome novamente
escreveria com meu sangue
para aplacar a dor da perda
que me assalta ao lembrar de seu rosto

se pudesse e quisesse sair daqui agora
o faria por você
meu único motivo pra prosseguir em frente
e continuar a viver

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

e por mais que eu corra
e por mais eu chore
o vazio só aumenta

e por mais que eu queira
e por mais que eu saiba
a distância só aumenta

e por mais que eu ore
e por mais que eu clame
a dor só aumenta

e por mais que eu sofra
e por mais que eu espere
o desalento só aumenta

e por mais que eu grite
e por mais que eu resista
a solidão só aumenta

e por mais que eu queira ser eu
e por mais que eu tente
o abismo só aumenta

sábado, 3 de janeiro de 2009

uma névoa pegajosa me envolve
estou entre a vigília e a consciência
tento gritar por socorro
mas meus lábios não se movem

sinto algo me puxando para o vazio
que existe dentro de mim
e que não me deixa
por mais que eu tente

abro os olhos
e nada vejo
estou cega
pela minha própria dor

as lágrimas caem
uma após a outra
mas não trazem alento
e nem diminuem o sofrimento

não sinto mais meu corpo
apenas uma casca vazia
e desprovida de coisas boas
elas se foram contigo

me torno a cada dia
minha própria inimiga
minando cada momento de paz
cada momento de alegria

remoendo incansavelmente minha dor
lembranças que corroem e dilaceram minha alma
não consigo evitá-las
elas contraem meu estômago

as imagens me machucam
e me sinto convulsionar
não sei se sou ingênua
ou crédula demais

a névoa me envolve mais e mais
o estado de torpor é invitável
não sei se me tornarei uma borboleta
dentro do meu casulo de dor e sofrimento